Em um tempo onde a amizade entre espécies diferentes era possível, o Gato e o Rato decidiram unir forças para uma aventura além dos limites de sua conhecida terra. Unidos pelo desejo de explorar terras distantes, eles se depararam com um obstáculo natural: um rio caudaloso que bloqueava seu caminho. Sem se deixar desanimar, o Rato, sempre engenhoso, propôs uma solução inusitada – construir um barco a partir de uma raiz de mandioca, recurso abundante em sua terra natal.
A ideia, embora peculiar, revelou-se eficaz inicialmente. No entanto, a fome, esse impiedoso viajante, logo fez-se sentir, lançando-os em um dilema: o que comer? Foi então que o Rato sugeriu uma ideia aparentemente sensata, porém arriscada: saciar sua fome com o próprio barco que os transportava. O Gato, relutante mas sem opções, concordou. Porém, enquanto o paladar do Gato rejeitava a mandioca, o Rato devorava vorazmente, até comprometer a integridade do barco, que tragicamente afundou.
Nadando para a segurança, a disparidade nas habilidades de natação entre os dois amigos ficou evidente. O Rato, ágil e confortável na água, alcançou rapidamente a margem, enquanto o Gato lutava contra o rio, chegando exausto e humilhado. A visão do Rato, satisfeito e com a barriga cheia, contrastava agudamente com a fome que ainda torturava o Gato. Movido pela necessidade, o Gato declarou sua intenção de saciar sua fome de uma maneira sombria: comendo o Rato.
No entanto, o Rato, astuto e perspicaz, propôs um último truque: pediu para se lavar antes de ser consumido, uma desculpa para escapar. E assim, o Rato desapareceu, deixando o Gato à espera, uma espera que se prolongaria para sempre.
Este conto africano reflete a complexidade das relações entre diferentes seres e como a necessidade e a esperteza podem transformar amizades. Ilustra, com humor, a inteligência e a sagacidade como ferramentas de sobrevivência. A mensagem central ressalta a importância da astúcia e como, às vezes, as soluções mais criativas para os problemas podem ter consequências inesperadas. Este conto nos ensina sobre a adaptabilidade, a sobrevivência e, de uma forma mais sombria, sobre a traição inerente à luta pela vida.