Era uma vez, em um tempo imemorial, quando os cães selvagens vagavam livres, existiam dois reinos caninos, cada um governado por um líder majestoso. Esses líderes, embora poderosos, estavam em constante disputa, cada um proclamando sua superioridade sobre o outro. Em meio a essas tensões, um dos chefes se apaixonou pela irmã do chefe rival e decidiu pedi-la em casamento, na esperança de unir os reinos e acalmar as disputas antigas.
Porém, o pedido foi recebido com desdém. O outro chefe, alimentado pelo orgulho e pela rivalidade, rejeitou a proposta, dizendo que nunca permitiria tal união. Enfurecido e com o coração partido, o pretendente jurou retaliação, prometendo invadir o território adversário para tomar o que desejava pela força.
Antes de enviar seu mensageiro com o ultimato, os conselheiros notaram a aparência desleixada do escolhido para a tarefa tão importante. Seguindo os costumes que ditavam que qualquer emissário deveria apresentar-se com a máxima dignidade, especialmente em assuntos de casamento, decidiram embelezar o mensageiro. Lavaram-no cuidadosamente, adornando sua cauda com perfumes exóticos, preparando-o para a missão com a elegância que a ocasião exigia.
Contudo, o mensageiro, encantado com sua própria fragrância e aparência refinada, foi distraído por sua vaidade. Em vez de cumprir seu dever, perdeu-se na busca por uma companheira, desaparecendo na imensidão da terra sem jamais entregar sua mensagem.
Desde então, os cães, herdeiros dessa antiga lenda, perpetuam a busca pelo mensageiro perdido. É por isso que, até os dias de hoje, eles se cumprimentam cheirando a cauda uns dos outros, esperando encontrar o embaixador desaparecido e, talvez, desvendar o mistério de sua missão esquecida.
Análise do Conto:
Este conto africano reflete profundamente sobre a importância da apresentação e do respeito pelos costumes sociais. O mensageiro, embora inicialmente encarregado de uma missão crítica, é distraído pela sua própria vaidade, sublinhando como o orgulho pessoal pode desviar-nos dos nossos deveres. A história serve como um lembrete de que, por mais que valorizemos nossa aparência e status, estes não devem ofuscar nossas responsabilidades e compromissos.
Além disso, o conto aborda a temática da comunicação e das consequências da sua falha. O desaparecimento do mensageiro simboliza os mal-entendidos e conflitos não resolvidos que podem surgir quando as mensagens não são entregues ou são mal interpretadas. Assim, a narrativa destaca a importância da clareza e da eficácia na comunicação.
Por fim, “Porque é que os Cães se Cheiram uns aos Outros” é um testemunho do poder das histórias orais africanas em transmitir lições de vida, valores culturais e explicações para os fenômenos naturais de uma maneira que é tanto educativa quanto divertida.